quarta-feira, 11 de março de 2009

Epitáfio



Já faz muito tempo
E os minutos viraram meses
Por que paraste de falar?
Por que paraste de me olhar?
Ficaram tão distantes
Seus olhos antes azuis
Os fecharam tão rápido
E tua mão se escorregou
Antes me segurava com firmeza
Agora não mais a sinto
Pus minha mão em seu coração
Por que não mais as sinto?
Arderem no gelo
Do teu corpo duro
Por que dorme tão pesado?
Por que não mais me olhas?
Já faz tanto tempo
Por que continuas calado?
Paraste de conversar
Não me deste explicação
Me deixou tão sozinho
Sem a tua mão
Te levaram embora
Diziam: o lugar esta fétido
Dizia eu que precisavas de um banho
Ha muito que não o tomava
Perguntava por que tanto dormia
Diziam que havia ido para longe
Eu dizia: por que não ficas?
E voltou num colchão
Num cesto de madeira
Por que todos choram?
Por que todos rezam?
Gritava que estava dormindo
E me chamavam de louco
Tamparam seu céu estrelado
E ficaste no escuro
Sei que tens medo do escuro
Mais teu céu não abriram
E agora sujam teu cesto
De terra molhada
Por que minhas mãos atadas?
Por que te deixaram no escuro?
Quão grande a hipocrisia
Quão pequena a humildade
Se só eu que fiquei
Depois que foram
Se só eu que chorei por ti
Deito agora na grama molhada
Está tão longe de mim
A sete palmos de terra molhada
Por que te prenderam com nove pregos
De nove polegadas?
Os meses viraram anos
E você ainda dorme
Sei por que não te ouço
Sei por que ainda te sinto

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